Luiz Roberto Velloso Cairo
Universidade Estadual Paulista (UNESP) - Assis/CNPq
RESUMO:
Há quem diga que Santiago Nunes Ribeiro foi um dos primeiros críticos brasileiros. Ele publicou seus textos no periódico Minerva Brasiliense (1843-1845). Este texto visa mostrar a originalidade e a modernidade do discurso crítico de Santiago Nunes Ribeiro e a sua defesa do caráter nacional da literatura brasileira.
ABSTRACT:
According to some scholars, Santiago Nunes Ribeiro was one of the first Brazilian literary critics. He had done his criticism in the magazine Minerva Brasiliense (1843-1845). This paper aims to show the originality and the modernity of Santiago Nunes Ribeiro's critical writings and his defense of the national character of Brazilian literature.
Há quem diga que a crítica literária brasileira surgiu com o periódico Minerva Brasiliense e que os responsáveis foram dois estrangeiros: o francês Carlos Emilio Adet e o chileno Santiago Nunes Ribeiro, seguidos de perto por Joaquim Norberto de Sousa e Silva.
Naquele tempo, quase não existia entre nós uma crítica regular de livros publicada em jornais e revistas e por esta razão o Minerva Brasiliense constitui um marco na história da crítica literária no Brasil.
O Minerva Brasiliense - Jornal de Ciências, Letras e Artes foi publicado por uma associação de escritores, no curto período compreendido entre 1843 e 1845. O primeiro número data de 01 de novembro de 1843, tendo sido impresso na Tipografia de J.E.S. Cabral, cuja oficina ficava na rua do Hospício, nº 66, no Rio de Janeiro. Teve como primeiro redator-chefe Francisco de Sales Torres-Homem, que havia, anteriormente, criado com Domingos José Gonçalves de Magalhães e Manuel de Araújo Porto-Alegre a Niterói-revista brasiliense (1836), considerada, juntamente com a Revista da Sociedade Filomática (1833), as primeiras revistas românticas publicadas no Brasil. Torres-Homem era mais ligado à economia e à política do que à literatura e talvez por isso tivesse abandonado a redação do Minerva, após o primeiro ano, assumindo então o cargo de redator-chefe, Santiago Nunes Ribeiro.
O Minerva Brasiliense era um jornal quinzenal, publicado nos dias 01 e 15 de cada mês. A partir do número 15, de 01 de junho de 1844, passou a ser publicado mensalmente, saindo sempre no primeiro dia do mês. O último número de que se tem notícia é datado de 15 de junho de 1845. O jornal parece ter tido trinta e um números comportados em três volumes, existentes na Biblioteca Nacional, acessíveis apenas em microfilmes.
O Minerva Brasiliense tratava de uma enorme variedade de assuntos: astronomia, medicina, botânica, zoologia, química, física, geografia, história e literatura. Na parte literária, colaboraram, além dos críticos já citados, Antonio Gonçalves Teixeira e Sousa, Antonio Francisco Dutra e Melo, Luís Antonio Burgain e Joaquim Manuel de Macedo, dentre outros.
Os textos de crítica literária veiculados no Minerva Brasiliense eram muito mais apreciações ordem geral sobre o problema da nacionalidade em literatura e influências francesas no Brasil do que crítica literária militante, no rigor da palavra (Brocca, 1979, p. 72).
A busca do caráter que devia assumir a literatura no Brasil para ser uma literatura nacional (Coutinho, 1986, p. 322) era a marca desta crítica literária que se fazia, no período romântico, no Brasil. Era uma crítica quase toda muito medíocre, girando em torno das mesma idéias básicas, segundo os mesmos recursos de expressão (Candido, 1971, 2, p. 328)
O fato dela girar em torno da questão do nacional não deve, entretanto, ser minimizado, pois se trata de um ponto característico da crítica literária do Século XIX de um modo geral. E não poderia ser diferente, no caso de uma crítica em formação, num país em que a literatura ainda estava num momento de afirmação de sua identidade. É neste momento que surge de maneira consciente o sistema literário brasileiro, ou seja, a literatura brasileira propriamente dita, que supõe no dizer de Antonio Candido, a existência de um conjunto de produtores literários, mais ou menos conscientes do seu papel; um conjunto de receptores, formando os diferentes tipos de público, sem os quais a obra não vive; um mecanismo transmissor, (de modo geral, uma linguagem, traduzida em estilos), que liga uns a outros (1971, 1, p.23).
Com a independência política e conseqüentemente a consciência da autonomia nacional, começa a existir um incipiente público-leitor e os escritores tomam como missão a implementação do processo de circulação literária a fim de construir o que fosse a literatura brasileira. Para isto, lançam mão de recursos que os levem a despertar no público o interesse pela leitura e isto não foi uma tarefa fácil.
Muitas vezes, o autor de obras de ficção teve que abrir mão de uma maior inventividade empenhado que estava na criação de uma literatura que não deixasse dúvidas para o leitor em relação às nuanças da brasilidade.
Esta postura não foi uma atitude isolada dos que produziam literatura, mas também dos críticos que, além de exercerem o papel de incentivadores da leitura e formadores do gosto público, vão funcionar como a consciência literária deste processo. A eles coube o papel de analisar, julgar, afirmar e defender o que fosse a nacionalidade da literatura brasileira.
Neste sentido, foi da maior importância a atuação de Santiago Nunes Ribeiro, no Minerva Brasiliense.
Sobre ele pouco se conhece. Sabe-se que era chileno e que veio para o Brasil muito menino, trazido por um tio padre, exilado por questões políticas e falecido logo depois. Trabalhou no comércio, lecionou em colégios particulares, foi professor de Retórica no Colégio Pedro II, escreveu no Minerva Brasiliense e, a partir do terceiro número, foi o seu redator-chefe. Presume-se que tenha morrido ainda jovem, porque, após 1846, não se tem notícia de nenhuma publicação por ele assinada.
Sua obra é pequena e resume-se apenas aos textos publicados no Minerva Brasiliense, entre 1843 e 1845, o que me leva a dizer que falar de Santiago Nunes Ribeiro é falar desse periódico. Hélio Lopes, em estudo sobre as revistas românticas, suspeita que ele tenha sido uma espécie de líder e mentor de sua geração. (Lopes, 1978, p.237)
Como poeta, publicou, também na Minerva, trechos de poemas medíocres como "Inauguração do Quinto Império", onde há uma passagem, intitulada "Napoleão e o Senhor D. Pedro I", curiosa pelo inusitado paralelo entre os dois imperadores.
Como crítico, notabilizou-se como autor do ensaio "Da nacionalidade da literatura brasileira", espécie de manifesto do Minerva Brasiliense, em defesa da nacionalidade e da originalidade da literatura brasileira, publicado no primeiro número do jornal, datado de 01 de novembro de 1843, e que teve seqüência num outro de mesmo título, publicado no número 04, do dia 15 de dezembro de 1843.
O ensaio procura responder às provocações feitas pelo General José Inácio de Abreu e Lima, no capítulo intitulado "Nosso estado intelectual", do livro Bosquejo histórico, político e literário do Brasil e pelo publicista português José da Gama e Castro, colaborador do Jornal do Comércio, do Rio de Janeiro, entre 1839 e 1842, quando saiu do Brasil.
O primeiro era pernambucano, e responsabilizava o atraso cultural do Brasil à má colonização dos portugueses e à idêntica situação de inferioridade intelectual que caracterizava a Metrópole. O segundo assinando-se Um Português, em dois artigos, estudou os inventos portugueses, no intuito de reivindicar para os seus patrícios, numerosas invenções que eram habitualmente atribuídas a filhos de outros paises, e incluiu entre os portugueses o brasileiro Bartolomeu de Gusmão (Coutinho, 1968, p.27).
A polêmica que se estabeleceu entre os três e que acabou contando com a participação de outros críticos do Minerva Brasiliense, dentre eles Joaquim Norberto de Sousa e Silva, ficou conhecida como a polêmica da Minerva Brasiliense, e foi graças a este episódio que os pesquisadores da história da crítica literária brasileira de um modo geral tomaram conhecimento da existência de Santiago Nunes Ribeiro.
Partindo do princípio de que a poesia é a mais viva e fiel expressão da sociedade, Santiago Nunes Ribeiro desfaz os argumentos dos dois críticos que tinham considerado a literatura deste país, já como nula, já como pertencente a outro; procura examinar a opinião de alguns literatos eminentes que só concedem ao Brasil uma literatura imitativa, transplantada e exótica; e, finalmente, tenta provar que os poetas brasileiros tinham cantado os sentimentos e crenças nacionais, que no gênero descritivo tinham feito belíssimas pinturas (1980, p.72).
O ensaio se inicia com a afirmação bastante lúcida de que:
A História não apresenta época alguma que não tenha seu caráter específico, sua fisionomia própria e demonstrativa da idéia providencial que a rege (1980, p.42).
Não se pode esquecer que o caráter específico da crítica, neste momento, entre nós, é muito mais de tomada de consciência e de formação de um ponto de vista que identificava a literatura clássica à colônia; e sentia a necessidade de uma nova literatura, inspirada em outros modelos, para a jovem nação que surgia.
Neste sentido, as idéias críticas de Augusto Guilherme Schlegel e Madame de Staël, que nos chegaram principalmente através de Ferdinand Denis, forneceram elementos para que os novos escritores percebessem a oposição classicismo-romantismo e, conseqüentemente, estabelecessem a relação entre classicismo e Brasil Colônia e romantismo com Brasil independente.
Isto é expresso por Santiago Nunes Ribeiro, quando afirma que o Minerva Brasiliense tem por objetivo desenvolver teses cheias de interesse e novidade a respeito da apreciação de obras nacionais e estranhas e do estudo comparativo das literaturas antigas e modernas.
Na verdade, o ensaio busca responder à seguinte questão colocada pelos que se opunham à literatura brasileira:
O Brasil tem uma literatura própria e nacional, ou as produções dos autores brasileiros pertencem à literatura portuguesa, já em virtude dos vínculos que uniam ambos os países, já em conseqüência de serem escritas na língua lusitana? (1980, p.44)
Respondendo a esta questão, Abreu e Lima diz que:
Se rejeitarmos a literatura portuguesa ficaremos reduzidos a uma condição quase selvagem (1980, p.45).
Isto porque mesmo sendo escassa e nula, uma vez que considera a literatura como o corpo de doutrinas que professa uma nação, e isto os portugueses não tinham, ela era a única que os brasileiros possuíam.
Opondo-se a este ponto de vista, Santiago Nunes Ribeiro diz que a verdadeira literatura não se traduz neste conceito amplo, pois não é nos textos científicos, nem nos tratados filosóficos que se vai procurar a literatura. Não se escreve a história literária com este tipo de textos, mas sim com Dante, Petrarca, Shakespeare, Milton, Bossuet, Corneille, Ariosto, Maquiavel e Tasso.
Gama e Castro, por sua vez, nega a existência da literatura brasileira, mostrando que os produtos intelectuais do gênio brasileiro pertencem à pátria de Camões (1980, p.45), pelo fato de serem escritos em língua portuguesa.
Contra-argumentando, Santiago Nunes Ribeiro diz:
A literatura é a expressão da índole, do caráter, da inteligência social de um povo ou de uma época. A poesia é a mais subida forma de literatura: ela procura compreender e exprimir por meio da linguagem o que há de mais belo, puro e santo na vida exterior do século, ou na vida misteriosa da íntima consciência: as outras artes são formas secundárias desta.
Ora, se os brasileiros têm seu caráter nacional, também devem possuir uma literatura pátria (1980, p.48).
O que considero extremamente instigante no discurso crítico de Santiago Nunes Ribeiro, fortemente marcado pelo determinismo, é a percepção, não sei se consciente ou inconsciente, dos conceitos de língua e linguagem que o levam, com muita clareza, à afirmação da existência de uma literatura brasileira que não se confunda com a portuguesa.
Aliás, ele chega a dizer isto, na seqüência deste ensaio:
(...) linguagem não é o mesmo que língua no sentido estrito; é desta última que o autor diz falar (Ribeiro, 1843, p.112).
Resolvida a questão, Santiago Nunes Ribeiro passa a examinar a acusação de imitadora, de estrangeira, de cópia de um tipo estranho feita à poesia brasílica (1980, p.50).
Considera esta acusação mal fundada, injusta e até pouco generosa, pois há épocas em que a poesia cansada de ser original passa a viver de imitações.
Se isto acontecia na Espanha, na Itália e em Portugal, por que não poderia ocorrer no Brasil, principalmente, com os árcades brasileiros?
A poesia brasileira da época anterior à independência foi o que devia ser. Porventura poderia ela ser a expressão das idéias e sentimentos de outros tempos? Se ela falasse a linguagem do sentimentalismo e do lirismo da Alemanha, ou a do descritivismo da escola do lago, poderia ser compreendida? mas que dizemos? quem lhe houvera ensinado essa linguagem? Ninguém pode sentir inspirações completamente estranhas ao seu tempo (1980, p.51).
Quanto ao fato da poesia brasileira ser uma cópia da portuguesa, ele nega, tentando provar que os poetas brasileiros eram mais instruídos e maiores conhecedores de outras línguas que os portugueses.
A poesia brasileira, para ele, tinha mais vitalidade, força e brilhantismo que a portuguesa, e dizia:
A poesia do Brasil é filha da inspiração americana (1980, p.59).
Ao fazer o paralelo entre as duas poesias, conclui que os poetas brasileiros cantaram os sentimentos e crenças nacionais, tendo feito no gênero descritivo belíssimas pinturas.
Na poesia épica, a literatura brasileira se distinguira numa epopéia divina, miltoniana e dois poemas homéricos e na poesia bíblica abrira um caminho novo desconhecido dos portugueses.
Na cultura de outros gêneros, também os brasileiros se igualaram e até mesmo sobrelevaram aos portugueses, alargando a esfera da arte e, ao mesmo tempo, enriquecendo-a.
Antes de concluir o ensaio, Santiago Nunes Ribeiro surpreende o leitor atual com uma observação bastante curiosa sobre a fixação das épocas da história literária do Brasil, na medida em que reivindica o critério literário para uma reflexão sobre a mesma:
Resta-nos fixar e caracterizar as épocas da poesia nacional, porque nos parece que nas divisões propostas não se atendeu às evoluções íntimas da literatura, nem ao princípio que as determinava, mas tão somente aos fastos e épocas da história política (1980, p.73).
Convém lembrar que o texto é de 1843, e a maioria das histórias literárias brasileiras, infelizmente, continuam incorrendo nesta falha apontada por ele. Por isso, surpreende a lucidez da reivindicação de um tipo de reflexão sobre a literatura que leva em conta algo próximo ao que chamamos de literariedade, que somente será praticada pela crítica a partir de 1916, com os formalistas russos e os adeptos do new criticism.
Além disso, propõe uma divisão para a história literária do Brasil, em três períodos:
O primeiro abrange os tempos decorridos desde o descobrimento do Brasil até o meado do século XVII. - Cláudio Manuel da Costa faz a transição desta época para o segundo que termina em 1830. - Os Padres Caldas e S. Carlos, bem como o Sr. José Bonifácio, formam a transição para este terceiro em que nos achamos (1980, p.73).
Coerente com a exigência do critério literário, traça uma periodização para a história da literatura brasileira possível de ainda hoje ser aceita pela modernidade nela contida. Ao estabelecer zonas e autores representativos da transição entre os três períodos, parece romper com a visão historicista corrente no seu tempo, que levava em conta o critério puramente quantitativo, deixando-nos tentados a quase dizer que tinha consciência da historicidade do texto literário. A sua tentativa de periodização parece levar em conta o critério qualitativo. As próprias escolhas apontam para isto:
A primeira época pode ser representada por Manoel Botelho de Oliveira; nela reina o pensamento da literatura espanhola da decadência.
A segunda dificilmente pode achar representante, mas julgamos que Silva Alvarenga é o mais próprio, é o que mais idéias mostra filhas da influência então dominadora. Esta época é regida pelo espírito das literaturas do século de Luís XIV, e de Voltaire.
Terceira época. O seu representante legítimo e natural é o Sr. Dr. Magalhães (l980, p.73).
Finalizando este texto, cujo objetivo foi mostrar a originalidade e a modernidade do discurso crítico de Santiago Nunes Ribeiro, ao defender a nacionalidade da literatura brasileira, num momento em que se punha em dúvida a sua existência, faço minhas as palavras de Hélio Lopes que sugeriu a reunião de seus textos esparsos para que se possa avaliar a novidade, o arrojo e a acuidade crítica de sua produção.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
BROCCA, Brito. Românticos, pré-românticos, ultra-românticos: vida literária e romantismo brasileiro. S.Paulo: Pólis; Brasília: INL, 1979.
CANDIDO, Antonio. Formação da literatura brasileira (Momentos decisivos). S.Paulo: Martins, 1971, 2 vv.
COUTINHO, Afrânio. A literatura no Brasil. Vol 2. Rio de Janeiro: José Olympio; Niterói: EDUFF, 1986.
--------. A tradição afortunada (O espírito da nacionalidade na crítica brasileira). Rio de Janeiro: José Olympio; S.Paulo: EDUSP, 1968.
--------. Caminhos do pensamento crítico. Vol. 1. Rio de Janeiro: Pallas; Brasília: INL, 1980.
LOPES, Hélio. A divisão das águas: contribuição ao estudo das revistas românticas Minerva Brasiliense (1843-1845) e Guanabara (1849-1856). S.Paulo: Conselho Estadual de Artes e Ciências Humanas, 1978.
MOREIRA, Maria Eunice. Nacionalismo literário e crítica romântica. Porto Alegre: Instituto Estadual do Livro, 1991.
RIBEIRO, Santiago Nunes. Da nacionalidade da literatura brasileira. In: Minerva Brasiliense. Jornal de Ciências, Letras e Arte. Vol. I, nº 4, 15 de dezembro de 1843. Rio de Janeiro: Tipografia de J.E.S. Cabral, pp. 111-115.
LUIZ ROBERTO CAIRO é pesquisador do CNPq e Professor de Literatura Brasileira da UNESP-Assis, onde é Orientador do Curso de Pós-Graduação em Letras, nas áreas de Teoria Literária e Literatura Comparada e de Literaturas de Língua Portuguesa. É autor de O salto por cima da própria sombra: o discurso crítico de Araripe Júnior, uma leitura, editado pela Annablume. Desenvolve suas pesquisas principalmente no campo da Crítica e da História Literária, tendo com freqüência divulgado seus trabalhos em periódicos especializados e em eventos científicos nacionais e estrangeiros.
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