0 romance MEIA-CULPA, narrado por um anjo é conduzido de um modo quase policial, culminando em crime. Um pároco de uma igreja, num bairro suburbano, na época em que a confissão no genuflexório era lei da igreja, sabe da angústia de uma criança assediada pelo cunhado. 0 sacerdote Pauto de Tarso, fica aturdido, bebe, discute com os amigos e as mulheres que o cercam de atenções. Mas, em face da gravidade da situação, não toma uma posição corajosa frente à poderosa família da menina Goretti.

Ao contar a história, o livro vai pontuando, para o leitor, três problemas. Será que o anjo da guarda não é uma invenção teológica ou uma criação humana, a personificação da consciência moral? Outra questão: até que ponto o celibato dos padres não é uma posição histórica adotada pela hierarquia da Igreja Católica? E o estupro, uma realidade no selo familiar ?

Narrativa construída com muitos recursos literários, a autora passa do diálogo ao monólogo, do fluxo de consciência ao discurso direto, dando dinamicidade à trama bem urdida, com personagens bem elaborados, levantando a polêmica da meia-culpa.

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Leda Miranda Hühne, natural de Natal, Rio Grande do Norte, cresceu no Rio de Janeiro, no selo de uma família numerosa e extremamente católica. Estudou a vida inteira em colégios religiosos. Bacharelou-se em Filosofia na USU e fez doutorado em Letras na PUC, com tese defendida: A Estética de Mário de Andrade. É professora de Filosofia na USU, ex-vice-reitora comunitária, organizadora de livros didáticos de Filosofia. É diretora da Editora UAPÊ Espaço Cultural Barrra Ltda; fundou o Jornal Poesia Viva e Uapê Revista de Cultura. Tem vários livros publicados de poesia, ganhou prêmios da UBE com os romances Quatro Anos Luz e Asa de Cisne.

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