Marisa Lajolo
Unicamp/iel 1998
Resumo
Este artigo analisa diferentes e contraditórias representações do negro em algumas obras de Monteiro Lobato ( 1882- 1948) , particularmente Histórias de Tia Nastácia e O presidente negro (O choque das Raças) . Discutindo a posição do narrador , o artigo levanta questões relativas às implicações ideológicas destas representações lobatianas e à relação de tais representações com outras imagens de negros construídas pela literatura.
Abstract
T his article focuses on different and contradictory representations of Afro-Brazilians in some of Monteiro Lobato's (1882- 1948) works, specially Histórias de Tia Nastácia [ Aunt Nastacia´s Tales] & O presidente negro (O choque das raças) [ The black President ( The clash of races)] . Throughout the discussion of the narrator´s position , the article raises questions regarding the ideological implications of Lobatian representations of Afro-Brazilians and their relationship with other images of Afro-Brazilians constructed by literature.
Na verdade, não há necessidade alguma de se trazer a política para o âmbito da teoria literária: como acontece com o esporte sul-africano, elas estão juntas há muito tempo. Por "político" entendo apenas a maneira como organizamos conjuntamente nossa vida social e as relações de poder que isso implica.[2]
Discutir a representação do negro na
obra de Monteiro Lobato, além de contribuir para um
conhecimento maior deste grande escritor brasileiro, pode renovar os
olhares com que se olham os sempre delicados laços que
enlaçam literatura e sociedade, história e literatura,
literatura e política e similares binômios que tentam
dar conta do que, na página literária, fica entre seu
aquém e seu além.
Além do texto, aquém da
vida.
Tia Nastácia,
negra de estimação que carregou Lúcia em pequena
[3] ganha
as primeiras atenções: ela desfruta da afetividade da
matriarcal família branca para a qual trabalha e, ao mesmo
tempo, apesar de suas breves mas muito significativas
incursões pela sala e varanda, encontra no espaço da
cozinha emblema de seu confinamento e de sua
desqualificação social .
Ao longo da obra infantil lobatiana, a exceção ao
carinho brincalhão que a cerca vem sempre pela boca da
Emília que em momentos de discussão e desentendimento
desrespeita a velha cozinheira, como sucede em algumas passagens de
Histórias de Tia Nastácia
:
Pois cá comigo - disse Emília- só aturo estas histórias como estudos da ignorância e burrice do povo. Prazer não sinto nenhum. Não são engraçadas, não têm humorismo. Parecem-me muito grosseiras e até bárbaras - coisa mesmo de negra beiçuda, como Tia Nastácia. Não gosto, não gosto, e não gosto ! [4]
- Bem se vê que é preta e beiçuda ! Não tem a menor filosofia, esta diaba. Sina é o seu nariz, sabe ? Todos os viventes têm o mesmo direito à vida, e para mim matar um carneirinho é crime ainda maior do que matar um homem. Facínora !
- Emília, Emília ! - ralhou Dona Benta.
A boneca botou-lhe a língua (p.132)
Similares má-criações têm servido de munição para leituras que tomam o xingamento como manifestação explícita do racismo de Lobato, questão incômoda, de que os estudiosos do escrito têm de dar conta :(...) é fora de dúvida que Lobato subscreve preconceitos etnocêntricos e mesmo racistas (...) [5]
"Tia Nastácia, por exemplo, é um poder que representa a presença da cultura e saber populares, um saber mágico, empírico, fruto do conhecimento da vida pelo seu exercício real.
(...) Após cada história contada
pela cozinheira, há comentário dos personagens. A maior
parte destes comentários falam da pobreza e da ingenuidade da
imaginação popular . Todos criticam as histórias
de tia Nastácia, principalmente Emília, que as
considera bobagens de negra velha.
(...) apesar de todo este descontentamento com as histórias
folclóricas, em A chave do
tamanho, Emília consegue salvar sua
vida ameaçada pelos insetos, lembrando-se de uma das
histórias da cozinheira (p/139-140) [6]
Francamente eugenista, a trama urdida por Lobato em O choque, onde a
inteligência dos brancos acabava vencendo, vem destacar
posições ambíguas do escritor. Mas, se neste
livro ele abraça idéias acerca da superioridade racial,
em outros momentos resgata o elemento de origem africana e reconhece
seu papel na cultura brasileira - como na
caracterização de Tia Nastácia e Tio
Barnabé - personagens do Sítio do Picapau Amarelo
representantes do saber popular. E tampouco se esquiva em denunciar
as crueldades do escravismo, conforme se pode constatar no conto
"Negrinha".
[7]
Efetivamente, a representação do negro, em Lobato,
não tem soluções muito diferentes do
encaminhamento que a questão encontra na
produção de boa parte da intelectualidade brasileira, e
não só da contemporânea de Lobato, como vêm
ensinando os estudos de Heloísa Toller [8] . Longe de desqualificar a
questão, esta ambigüidade torna-a ainda mais relevante.
Mas os melhores ângulos para discuti-la não se esgotam
na denúncia bem intencionada dos xingamentos de Emília,
absolutamente verossímeis e, portanto, esteticamente
necessários numa obra cuja qualidade literária tem
lastro forte na verossimilhança das situações e
na coloquialidade da linguagem.
Caminho mais sugestivo do que este parece ser discutir como se coloca
a questão da representação do negro no livro
Histórias de Tia
Nastácia, onde ela comparece a
partir do título. Publicada em 1937, a obra é uma
antologia de contos populares contados em uma moldura narrativa
familiar à obra de Lobato: tia Nastácia desfia
histórias para os demais moradores do sítio que, na
posição de ouvintes, comentam as histórias que
ouvem. À medida que o livro prossegue, as
relações entre Tia Nastácia e seus ouvintes
vão se tornando mais tensas quanto mais cresce a
insatisfação da platéia com as histórias
narradas, às quais ninguém poupa
críticas:
Eu (...) acho muito ingênua esta história de rei e princesa e botas encantadas, disse Narizinho. Depois que li Peter Pan, fiquei exigente . Estou de acordo com a Emília (p.13)
A crítica a histórias
da
carochinha não é de modo
algum inovação deste livro, já que em outras
passagens da obra de Lobato diferentes personagens exprimem
insatisfação com histórias tradicionais
[9], histórias estas provenientes da
mesma matriz de onde vem o repertório de tia
Nastácia.
Ao lado da recorrência, na obra infantil lobatiana, de
críticas severas a histórias tradicionais,
também é recorrente em sua obra a narrativa "em
encaixe" isto é, a narrativa dentro da narrativa como ocorre
nas Histórias de tia
Nastácia e que também ocorre
em Peter Pan
(1930) e em D.Quixote das
crianças (1936). Quem nestes dois
livros ocupa a posição de contador de histórias
é Dona Benta. Nos dois casos ela conta as histórias que
lê em livros estrangeiros, e enquanto adulta e reconhecidamente
mais experiente, narra de um espaço hegemônico em
relação aos seus ouvintes.
Já quando Tia Nastácia assume a posição
de contadora de histórias, a relação de
forças entre ela e sua audiência (a mesma das
histórias de Dona Benta) é completamente outra
[10]. Tia Nastácia transfere para o
lugar de contadora de histórias a inferioridade sócio
cultural da posição (de doméstica) que ocupa no
grupo e além disso (ou, por causa disso...), por contar
histórias que vêm da tradição oral
não desempenha função de mediadora da cultura
escrita, ficando sua posição subalterna à de
seus ouvintes, consumidores exigentes da cultura escrita, como
explicitou Narizinho na citação acima.
A assimetria de posição entre narrador/ouvinte que
ocorre em Histórias de Tia
Nastácia, no entanto, ocorre
também em outras obras da época, e que são,
igualmente, recolha emoldurada de contos folclóricos:
Histórias do Pai
João (Oswaldo Orico, 1933),
Histórias da velha
Totonha (José Lins do Rego, 1936),
Histórias da Lagoa
Grande (Lúcio Cardoso, 1939),
O boi aruá (Luís Jardim, 1940) elencam contos desfiados por
contadores negros. A originalidade vem um pouco depois pelas
mãos de mestre Graciliano, com suas Histórias de Alexandre de
1944.
É como exceção que o livro de Lobato, ao lado do
de Graciliano, destaca-se do conjunto de antologias.
Embora Histórias de
Alexandre mantenha parentesco estrutural
com todas as obras acima citadas, o
parentesco se enfraquece ao romper-se a situação
narrativa comum a todas elas, onde a figura de um(a) negr(o)(a) conta
histórias para uma platéia constituída por
crianças quase sempre brancas. Alexandre narra
histórias para uma audiência adulta como ele e, como
ele, sertaneja, dissolvendo-se, assim, a assimetria pretos e brancos, cultura da oralidade e
cultura da
escrita,
adulto
e
criança, tão marcada nas obras de Lins do Rego,
Lúcio Cardoso e Luiz Jardim.
Alexandre conta histórias para seus pares e as
histórias que conta - e agora também à
dessemelhança das histórias de Tia Nastácia-
são, quase sempre, aventuras que ele diz ter testemunhado ou
protagonizado. Como as crianças do sítio, a
assistência de Alexandre é muitas vezes desconfiada do
que ouve .
Mas a incredulidade dos ouvintes de Alexandre não chega a
comprometer o equilíbrio das forças que se medem no ato
de contar histórias: a tensão se dissolve quando
Cesária, mulher do narrador, solicitada pelo marido, avaliza
as histórias. Estas, tendo sua veracidade assegurada, passam a
ser aceitas pela platéia .
Já no livro de Lobato, o antagonismo platéia/ Tia
Nastácia não se resolve, uma vez que a Tia
Nastácia não tem aliados. Parecendo mais sofisticados,
seus ouvintes reclamam, não da veracidade das
histórias, mas da verossimilhança delas e da
precariedade da estrutura narrativa:
-Esta história - ainda está mais boba que a outra. Tudo sem pé nem cabeça. Sabe o que me parece ? Parece um história que era de um jeito e foi se alterando de um contador para outro, cada vez mais atrapalhada, isto é, foi perdendo pelo caminho o pé e a cabeça. (p.21)
Histórias de Tia
Nastácia, contudo, ainda se
diferencia dos demais livros de organização semelhante
pelo fato de que as histórias nele contadas - e a
situação de contá-las - decorrem de uma
espécie de projeto explicitamente enunciado por Pedrinho, que,
a partir de um artigo de jornal começa a interessar-se por
folclore:
- As negras velhas - disse Pedrinho - são sempre muito sabidas. Mamãe conta de uma que era um verdadeiro dicionário de histórias folclóricas, uma de nome Esméria, que foi uma escrava de meu avô. Todas as noites ela sentava-se na varanda e desfiava histórias e mais histórias (p. 3) [11]
Tia Nastácia é o povo. Tudo o que o povo sabe e vai
contando de um para outro, ela deve saber. Estou com o plano de
espremer Tia Nastácia para tirar o leite de folclore que
há nela (p.3)
Assim, na moldura da situação na qual as
histórias de Tia Nastácia são contadas (o
projeto iluminista de Pedrinho), temos já explícita e
inevitável a assimetria que rege a situação. Sem
idealizações e sem meias palavras, os leitores das Histórias de Tia Nastácia são voyeurs de uma situação nas qual os ouvintes das mesmas histórias,
sem complacência e sem papas na língua desqualificam as
matrizes populares de onde vêm as histórias que ouvem
.
- Essas histórias folclóricas são bastante bobas (...) Por isso é que não sou "democrática"! Acho o povo muito idiota ... (p.13)
Delineia-se então, aqui, outra especificidade do livro de
Lobato: a violência com que a platéia critica as
histórias contadas, declarando-as insatisfatórias e
sublinhando o que considera seus defeitos. Rompe, assim, Lobato, com
a complacência, geralmente meio saudosista, que dá o tom
dos livros similares : a obra de Lins do Rego, sobretudo, é
repassada de ternura nostálgica pela contadora de
histórias, ao passo que na de Lobato a narradora é
uma cobaia a ser espremida para que os ouvintes
se apropriem do que chamam
suco folclórico, numa metáfora que tanto lembra a vontade
positivista de dar concretude às coisas do mundo da cultura,
quanto a antropofagia, quanto ainda - aos nossos pós-modernos
ouvidos cinematográficos - a metáfora econômica
que inspira o filme de João Baptista de Andrade,
O homem que
virou suco .
Histórias de Tia
Nastácia representa, pois, um
projeto literário radicalmente distinto da atitude que oculta
- na naturalidade atribuída à situação de
contar histórias no serão - a latente incompatibilidade
entre esta situação e os rumos que, por volta dos anos
30, ia assumindo a cultura brasileira, definitivamente embarcada numa
viagem de modernização que Lobato, ainda que
discordando de seu varejo, aplaudia no atacado.
Que lugar podia haver, nesse mundo moderno, para tias
nastácias e as culturas que elas representavam ?
Já se apontou que a oralidade se manifesta estruturalmente
também em outras obras de Lobato, nas quais o escritor recorre
à moldura da narração oral, como D.Quixote das crianças
[12] e
Peter Pan .
Nestes livros, porém, o recurso à oralidade constitui
estratégia adotada por Dona Benta
(talvez aqui alter ego de Lobato?) para
facilitar o ingresso das crianças - ouvintes no mundo da
leitura. Ou seja, em D. Quixote das
crianças e em Peter Pan, se a
enunciação mimetiza o mundo da oralidade, o enunciado
vem do moderno mundo da escrita, ao qual se subordina o da oralidade,
mero instrumento de passagem deste para aquele [13].
Mas como Tia Nastácia não é dona Benta, a
situação de oralidade que ela protagoniza não
aponta para além de si mesma e, sobretudo, não
contribui para elevação
cultural de seus ouvintes, já que
nem os familiariza com a moderna literatura infantil como
Peter Pan e
tampouco os aproxima de clássicos como D.Quixote ; muito pelo
contrário, constitui um
rebaixamento cultural, já que
é arcaico o mundo que se faz presente em suas
histórias.
Num certo sentido, esta opção formal de Lobato torna
problemática a tese que proclama
fontes populares como uma das matrizes onde foram buscar
inspiração certas vertentes do modernismo : a
apreensão e representação da incompatibilidade
entre a cultura popular e a
cultura das
elites brasileiras, não deixa de
prestar o serviço político de inscrever, na estrutura
da obra, a fratura da sociedade na qual ela ocorre.
Se a França foi buscar em suas colônias africanas a
inspiração para superar o
esgotamento da arte racional e burguesa,
os modernistas brasileiros de 22 não precisaram nem empreender
a viagem transcontinental . Em um país pós colonial, os
bolsões remanescentes de formas arcaicas de cultura
estão sempre ao alcance da mão e da pena, coincidindo,
geralmente com os bolsões de pobreza e marginalidade em que
ficam confinados os segmentos da população atropelados
pela modernidade. Esta começa por subtrair-lhes os
instrumentos de trabalho e termina por confiscar suas formas
culturais, maquiando-as, por exemplo, de
primitivismo e transformando-as em
mercadoria que circula por outros segmentos sociais.
No Brasil, a partir do final do século passado, incluem-se
entre estes fornecedores de matéria prima da chamada
cultura
popular, ex-escravos, negros libertos e
seus descendentes que, à semelhança de tia
Nastácia e tio Barnabé, como com justiça
proclamava um out-door da celebração do centenário da
Abolição não tiveram carteira de trabalho
assinada pela Princesa que abolira a escravidão ...
Assim, o apagamento da tensão entre o mundo da cultura de uma
negra analfabeta e o da cultura das crianças brancas que
escutam suas histórias pode ter um sentido alienante . Por
não tematizarem a diferença e, ao contrário, por
diluírem em afeto complacente o inevitável choque de
cultura que tinha lugar nos serões, antologias como as de
Lúcio Cardoso proporcionam ao leitor a experiência
apaziguante de uma situação na qual fica apagada toda a
violência do modo pelo qual se processava a modernização
brasileira.
Ao explicitar no capítulo de abertura das Histórias de tia Nastácia a racionalidade programática que patrocinou,
através do velho recurso ao serão, o contacto entre
duas formas de cultura, o livro de Lobato deixa caminho aberto para o
afloramento de contradições inevitáveis num
projeto - o da modernização brasileira - que põe
face a face diferentes segmentos sociais. Como resultado do
enfrentamento é inevitável a
transformação de ambas as culturas; mas só leva
a melhor a que dispõe da infra-estrutura material e
simbólica essencial à produção,
circulação e consumo de cultura no mundo moderno, que
passa a devorar a outra.
As contradições vão se acirrando ao logo do
texto lobatiano, que, ao contrário de seus pares, não
se limita a reproduzir, em forma de antologia asséptica, as
histórias que Tia Nastácia conta. Lobato reproduz a
história encenando a situação de narração e
recepção, pondo, pois, em confronto o mundo da cultura
negra do qual, no caso, Tia Nastácia é legítima
porta-voz e o mundo da modernidade branca, à qual dão
voz tanto as crianças como a própria Dona Benta,
também ela ouvinte de Tia Nastácia e também ela
insatisfeita com as histórias que ouve mas, ao
contrário dos outros ouvintes, capaz de apontar, com
objetividade, as razões da insatisfação:
- As histórias que correm entre nosso povo são reflexos da era mais barbaresca da Europa. Os colonizadores portugueses trouxeram estas histórias e soltaram-nas por aqui - e o povo as vai repetindo, sobretudo na roça. A mentalidade de nossa gente roceira está ainda muito próxima da dos primeiros colonizadores.
- Por que, vovó ?
-Por causa do analfabetismo. Como não sabem ler, só entra na cabeça dos homens do povo o que os outros contam - e os outros só contam o que ouviram. A coisa vem assim num rosário de pais a filhos. Só quem sabe ler e lê os bons livros, é que se põe de acordo com os progressos que as ciências trouxeram ao mundo (p.85)
Ao ir lendo a reação dos
ouvintes às histórias que Tia Nastácia vai
contando, o leitor de Lobato sente-se tentado a
tomar partido. E só por estar lendo, são muito pequenas
as chances de que sua solidariedade vá para a preta velha que
desfia histórias por quem, na melhor das hipóteses e
como os picapauzinhos, ele (leitor) nutre sentimentos de afeto mas
que, nem por ser autênticos, deixam de ser uma das
expressões que racismo assume na cultura brasileira
[14]. O
livro sublinha a inadequação das histórias a seu
auditório na voz dos próprios ouvintes: são eles
que estabelecem a diferença que afasta a
tradição letrada e moderna que, erigindo-se em
referente, confina à marginalidade a produção
cultural que não venha deste mundo urbano e moderno. O
contraponto de Tia Nastácia é Lewis Carroll,
freqüentemente invocado como modelo das boas histórias .
-Essa, do Sargento Verde, por exemplo. É tão idiota que um sábio que quiser estudá-la acabará também idiota. Eu, francamente, passo tais histórias populares. Gosto mas é das de Andersen, das do autor de Peter Pan e das do tal Carrol, que escreveu Alice no país das maravilhas. Sendo coisas do povo, eu passo ... . (p.22)
Esta tendência à intolerância acaba por cassar a
palavra de Tia Nastácia, passando o papel de contadora de
histórias a ser exercido por Dona
Benta. Mas o repertório de Dona Benta, neste caso, não
vem - como tinha vindo no caso de D.Quixote e de Peter Pan - de um
livro que ela tenha lido para, depois,
contar
aos netos. As histórias que Dona
Benta conta quando assume a palavra em Histórias de Tia Nastácia originam-se em matrizes culturais tão populares
quanto as das histórias da cozinheira, mas, curiosamente
não despertam na platéia as reações de
intolerância que o repertório de tia Nastácia
tinha despertado.
A diferença de recepções pode talvez ser
atribuída ao fato de que as histórias que ambas contam
tenham origem semelhante, a relação de cada uma destas
narradoras com o material narrado, é diferente: Dona Benta
não é usuária
desta cultura, mas conhecedora dela: conhece-a de
livro,
e não de berço.
Com isso, a relação que Dona Benta estabelece com a
matéria que narra não está distante da
relação que com matrizes de cultura rural e popular
estabelecem os produtores da cultura urbana e culta, entre os quais o
próprio Lobato [15].
É, pois, como se os serões nos quais Tia
Nastácia conta suas histórias fossem um
parêntesis na vida do Sítio, assim como o regionalismo
é um parêntesis na literatura, segundo a visão
que dele apresentam as histórias literárias
canônicas.
A hipótese é verossímil e ganha força em
outras passagens da obra lobatiana como, por exemplo, no fato de o
Tio Barnabé (versão masculina de Tia Nastácia
...) também ficar confinado, ao longo de toda a obra infantil
lobatiana a papéis secundários. Mesmo em
O sacy, obra que
aparentemente desmente essa
secundariedade, o papel dele é o de
coadjuvante de Pedrinho, auxiliar ao qual o menino recorre em
situação bastante próxima da que originou as
Histórias de Tia
Nastácia.
Se no livro que lhe leva o nome, Tia Nastácia poderia ensinar
a Pedrinho o folclore que ele queria conhecer (curiosidade, como
já se viu, despertada pela leitura de um jornal), em
O Saci o menino
recorre a Tio Barnabé quando, interessado em sacis, é
informado de que Tio Barnabé um expert no assunto .
-Pois saci, Pedrinho, é uma coisa que branco da cidade nega, diz que não há - mas há. Não existe negro velho por aí, desses que nascem e morrem no meio do mato, que não jure ter visto saci. Nunca vi nenhum, mas sei quem viu. - Quem ? - O tio Barnabé. Fale com ele . Negro sabido está ali ! Entende de todas as feitiçarias, e de saci, de mula-sem cabeça, de lobisomem - de tudo [16] .
Se o espaço de Tia Nastácia é
a beira do fogão, a marginalidade narrativa de Tio
Barnabé concretiza-se no detalhe de sua cabana localizar-se
nos confins do sítio:
Tio Barnabé era um negro de mais de oitenta anos que morava no rancho coberto de sapé lá junto da ponte (p.184) .
Ou, seja, como já se sugeria acima: se não havia lugar
para os dois negros no sítio da Dona Benta como haveria lugar
para eles no Brasil de Lobato ?
A hipótese da inadequação
de Tia Nastácia e de Tio
Barnabé à modernidade dos anos 30 do qual o
sítio de Dona benta é emblema e utopia confirma-se em
outras passagens da obra lobatiana. Todas as vezes que Tia
Nastácia acompanha os picapauzinhos nas aventuras que se
passam além da porteira do sítio, ela cumpre, nos novos
espaços, o mesmo papel que cumpria dentro do sítio:
fazendo bolinhos para o Minotauro ou fritando batatas para o
príncipe Codadad é a velha Nastácia que se
reencontra sempre, numa imobilidade ficcional que parece combinar bem
com a representação da imobilidade social a que
estão confinados os segmentos dos quais ela pode ser o
emblema.
É quase como se pudéssemos dizer que, no Brasil dos
anos 30 que se queria moderno, só restava a Tia
Nastácia papel de informante, de fornecedora de
histórias das quais as outras personagens lobatianas se
apropriavam como antropólogo em viagem de campo, garimpando
alteridades e exotismos que, retrabalhados passam a constituir tanto
objeto da ciência (o folclore) quanto objetos de alta
valorização estética (a obra modernista), em
nenhum dos dois casos retornando o produto a seus sujeitos de
origem.
Se o conjunto da obra infantil lobatiana confirma e reforça a
marginalidade da cultura popular representada por Tia
Nastácia, esta marginalidade ganha tintas trágicas na
obra adulta do escritor [17]. Em
pelo menos dois contos não infantis a mesma marginalidade
ressurge, conduzindo a desenlace diverso : tanto o jardineiro
Timóteo quanto o negro Leandro (de
"Bugio Moqueado") [18]
podem emblematizar, no fim trágico
de cada um, a impossibilidade de sobrevivência de certos
segmentos da população brasileira a partir da
instauração do processo de
modernização.
Em particular no caso de Timóteo, o texto lobatiano acumula
índices que configuram o
passadismo da cultura que o jardineiro
representa, em contraste com a cultura
moderna
representada pelos novos donos da
fazenda, brancos e proprietários de um carro no qual chegam
à fazenda com plano de
modernizá-la ... Em outra clave, mas no mesmo acorde, funciona a
dramática denúncia do narrador lobatiano do racismo do
qual Negrinha é vítima, constituindo o conjunto destas
representações do negro na obra adulta de lobato
contraponto eficiente do paternalismo afetuoso - embora, como se viu,
rompido em Histórias de tia
Nastácia - que pontua a
relação dos moradores do sítio para com tia
Nastácia.
A questão do negro se recoloca quando analisada a partir de
outro livro, de publicação anterior a Histórias de tia Nastácia, absolutamente ímpar na obra lobatiana, e que
verticaliza a discussão. Trata-se do romance O presidente negro que, nas
primeiras edições intitulava-se O choque das
raças, hoje subtítulo do livro.
Publicado inicialmente em folhetins do jornal carioca A Manhã
em 1926,
um pouco antes de Lobato mudar-se para
Nova Iorque (onde foi adido comercial da representação
diplomática brasileira) O presidente
Negro representava as esperanças
editoriais lobatianas em terras do Tio Sam: [19]
constava de seus planos a criação de uma Tupy Publishing Company, em cujo patrimônio os elementos escandalosos e polêmicos do livro eram considerados de muito valor:
Um escândalo literário equivale no mínimo a 2.000.000 dólares para o autor e com essa dose de fertilizante não há Tupy que não grele. Esse ovo de escândalo foi recusado por cinco editores conservadores e amigos de obras bem comportadas, mas acaba de encher de entusiasmo um editor judeu que quer que eu o refaça e ponha mais matéria de exasperação. Penso como ele e estou com idéias de enxertar um capítulo no qual conte a guerra donde resultou a conquista pelos Estados Unidos do México e toda essa infecção spanish da América Central. O meu judeu acha que com isso até uma proibição policial obteremos - o que vale um milhão de dólares. Um livro proibido aqui sai na Inglaterra e entra boothegued como o whisky e outras implicâncias dos puritanos. (Cartas escolhidas S Paulo. 6a. ed. 1970 p. 112)
Passando-se nos Estados Unidos do ainda hoje
remoto ano de 2228, a ação de O presidente negro, como a das
Histórias de Tia Nastácia
não se oferece ex-abrupto a seus
leitores : tem a mediá-la a voz do desajeitadíssimo
Airton que, por acidente, torna-se confidente de um cientista e
através de uma máquina do tempo assiste, como numa tela
de cinema, a acontecimentos que têm lugar na América do
Norte, no ano de 2228. Como a partir de um certo ponto a
máquina se desarranja, o resto da história é
contado a ele em parcelas semanais, pela filha do cientista, que
desafia Airton a escrever a história.
Não é preciso dizer que O
presidente Negro é a
história resultante da aposta [20]
Através do porviroscópio, Jane
testemunha e narra o desenlace do conflito racial nos Estados Unidos
que acaba tendo uma solução tão final quanto o foi a
solução nazista para o
problema
judeu: a aniquilação dos
negros, através de sua esterilização em massa .
Na voz de Airton ressoa o horror bem educado pelo genocídio, e
é a parcimônia de sua reação e o tom
comedido dela que incomodam .
Ou seja, o decoro de Airton tem efeitos de sentido tão
problemáticos quanto a vigorosa voz dos netos de Dona Benta
que, sem papas na língua, desancam as histórias que
lhes conta tia Nastácia.
A discussão desta divergência precisa levar em conta que
Airton não está falando do
aqui
nem do
agora, nem de Lobato nem de seus
leitores. O choque das raças que o romance narra explode em
outro hemisfério e alguns séculos à frente, o
que, literalmente, afasta o tema polêmico, mecanismo de atenuamento que se
reforça pelo tom de paródia e chanchada dos
capítulos finais que, abandonando o futuro e a
distância, voltam a centrar-se no
aqui
e
agora
de um Rio de Janeiro bastante
provinciano.
Por outro lado, certos traços assumidos pela cultura
afro-americana na segunda metade do século XX, na esteira do
black is
beautiful conferem traço
profético a um detalhe do livro de Lobato: na história,
o processo de esterilização dos negros se fazia
à revelia deles, embutido num processo de alisamento dos
cabelos e de despigmentação, o que hoje evoca
inescapavelmente o caso de Michael Jackson ...
Pode-se, assim, ler em O presidente
negro uma grande metáfora das
conseqüências da desculturação de um grupo
étnico e, simultaneamente, o grau de solidariedade entre
ciência, arte, tecnologia e comunicação, tal como
são praticados nas instâncias centrais e que só
encontram seu sentido último nas lutas que pelo poder se
travam no corpo social. Comunicação, tecnologia, arte e
ciência, no caso, serviram para a população
branca exterminar a população negra.
Reflexão que, se não deixa de ser melancólica,
permite retomar a epígrafe e enlaçar o pensamento de
Terry Eagleton com Histórias de Tia
Nastácia e com O presidente negro.
Em ambas as obras, a representação do negro e de sua
inserção no seio de uma sociedade que se quer branca
não hesita no realismo das soluções narrativas
adotadas, inscritas ambas na moldura da oralidade . Quer na chave do
realismo fantástico da história norte-americana, quer
na do realismo miúdo e cotidiano do sítio de Dona
Benta, o conflito é violento porque ele não era menos
violento na vida real, nem abaixo nem acima do Equador. E a
literatura, uma das arenas mais sensíveis na
encenação deste conflito, representa-o, no caso de
Lobato, num discurso sinuoso que ao
des-velar
as convenções de apaziguamento inaugura uma
tradição que, ainda que do avesso, é hoje
passada a limpo em poemas como por exemplo
"Charqueada grande"de Oliveira Ferreira da
Silveira que fecha este texto:
Notas:
[1]Versão
anterior deste trabalho foi apresentada no Congresso 100 Anos de
Abolição, na Universidade de São Paulo em
junho de 1988
[2] Eagleton, Terry.
Teoria literária: uma introdução.
Martins Fontes: São Paulo p.210
[3] Monteiro Lobato.
reinações de Narizinho. São Paulo:
Brasiliense. 1956 .
[4] Monteiro Lobato.
Histórias de tia Nastácia. Ed. Brasiliense:
São Paulo. 6a. ed. 1957 p.30. As demais
citações provêm desta edição e
indicam apenas a página.
[5] Vasconcelos, Zinda
Maria Carvalho de. O universo ideológico da obra infantil
de Monteiro Lobato. S.Paulo: Traço Editora. 1982
[6] Campos,
André Luiz Vieira de A república do Picapau Amarelo
: uma leitura de Monteiro Lobato São Paulo: Martins
Fontes. 1986
[7] Azevedo, Carmen
Lúcia; Camargos, Márcia; Sacchetta, Vladimir :
Monteiro Lobato, furacão na Botucúndia . São
Paulo: Editora Senac. 1997 .
[8] Estudos excelentes
sobre a representação literária do negro
encontram-se nos livros de de Heloísa Toller Gomes As
marcas da escravidão (RJ: Ed. URRJ 1994) e O negro e
o romantismo brasileiro (SP : Atual editora. 1988)
[9] (...) tenho notado
que muitos dos personagens das minhas histórias já
andam aborrecidos de viverem toda a vida dentro delas. Querem
novidade. Falam em correr mundo a fim de se meterem em novas
aventuras. Aladino queixa-se de que sua lâmpada maravilhosa
está enferrujada. A Bela Adormecida tem vontade de espetar o
dedo noutra roca para dormir outros cem anos. O Gato-de-botas brigou
com o Marquês de Carabas e quer ir para os Estados Unidos
visitar o Gato Félix . Branca de Neve vive falando em tingir
os cabelos de preto e botar ruge na cara. Andam todos revoltados,
dando-me um trabalhão para contê-los. Mas o pior
é que ameaçam fugir, e o pequeno polegar já deu
o exemplo. (Monteiro Lobato. Reinações de
Narizinho . SP.: Brasiliense. 7a. ed. 1957 p. 11)
[10] A partir daqui,
a análise recorre a alguns elementos já
esboçados no capítulo Da matriz européia ao
folclore brasileiro .de Literatura infantil brasileira:
história e histórias (Marisa Lajolo e regina
Zilberman. SP. Editora Ática) .........................
[11] Assim se
lê numa das folhas de rosto de O sacy (um
inquérito) : À memória da saudosa Tia
Esméria, e de quanto preta velha nos pôs, em
criança, de cabelo arrepiados, com histórias de cucas,
sacys e lobisomens, tão mais interessantes que as larachas
contadas hoje aos nosso pobres filhos por umas lambisgóias de
touca branca, numa algaravia teuto-ítalo-nipônica que o
diabo entenda. Vieram estas corujas civilizar-nos; mas que saudades
da tia velha que em vez de civilização requentada a
70$000 réis por mês, afora bicos, nos apavorava de
graça. (s/n)
[12] cf Lajolo,
Marisa: Lobato, um Dom Quixote no caminho da leitura in
Do mundo da leitura para a leitua do mundo São Paulo:
Editora Ática 2a. ed. 1997
[13] Adriana Silene
Vieira, na Dissertação de Mestrado Um inglês
no sítio do Picapau Amarelo, cuja pesquisa contou com
financiamento da CAPES, desenvolve uma bela e sugestiva
análise das funçôes exercidas pela
narração em moldura na obra infantil lobatiana
.
[14] Cf. Fernandes,
Florestan: A integração do negro na sociedade de
classe. São Paulo : Ática. 1978; Ianni,
Octávio: Escravidão e racismo . São
Paulo: Hucitec, 1978 ; Pinsky, Jayme: A escravidão do
Brasil . São Paulo: Global. 1985.
[15] Cf a pesquisa
sobre o saci que Lobato organiza para O Estado de São
Paulo (O Sacy (um inquérito) São Paulo:
Seção de obras de O estado de São Paulo .
1918)
[16] Viagem ao
céu e O sacy. S.Paulo: Editora Brasiliense. 1957 p.183. As
demais citações provêm desta edição
e indicam apenas a página.
[17] Devo esta
hipótese à pesquisa em curso de Cilza Bignoto, que
pesquisa a imagem infantil nas obras infantis e nas não
infantis de Monteiro Lobato com apoio da FAPESP.
[18] Cf. O
jardineiro Timóteo e Bugio Moqueado in Monteiro
Lobato, Negrinha São Paulo: Brasiliense. 1956
[19] Em
vários momentos de sua correspondência, Monteiro Lobato
alude a um projeto editorial a ser desenvolvido nos Estados Unidos e
do qual O presidente negro seria o carro chefe. Conferir
cartas dirigidas a Godofredo Rangel em 08.07.1926, de 07.02.1927,
12.02.1927, 23.03.1927 e 05.09.1927 (Monteiro Lobato, A Barca de
Gleyre, vol II) e a dirigida a Heitor no Natal de 1926 (Monteiro
Lobato: Cartas escolhidas) . Conferir ainda Azevedo, Carmen
Lúcia; Camargos, Márcia; Sacchetta, Vladimir :
Monteiro Lobato, furacão na Botucúndia . São
Paulo: editora Senac. 1997 .
[20] Vale apontar
que o processo aqui, reproduz a estrutura de A moreninha,
obra com que Joaquim Manuel de Macedo em 1844 inaugura o figurino do
romance romântico.
[21] Ferreira da
Silveira, Oliveira Charqueada grande apud A razão
da chama: antologia de Poetas negros brasileiros . sel e org. de
Oewaldo de Camargo. São Paulo: GDR. 1986 . p 65
Bibiliografia:
Azevedo, Carmen Lúcia; Camargos, Márcia; Sacchetta,
Vladimir Monteiro Lobato, furacão
na Botucúndia. São Paulo:
Editora Senac. 1997 .
Bignoto, Cilza Carla
Personagens infantis na obra
infantil e na obra adulta de Monteiro Lobato . Relatório de pesquisa. (mimeo) Unicamp/ Fapesp.
1997-1998 Campos, André Luiz Vieira de A república do Picapau Amarelo : uma leitura de
Monteiro Lobato. São Paulo:
Martins Fontes. 1986 .
Eagleton, Terry. Teoria
literária: uma introdução. Martins Fontes: São Paulo .
Fernandes, Florestan A
integração do negro na sociedade de
classe. São Paulo: Ática.
1978 .
Ferreira da Silveira, Oliveira.
"Charqueada grande" apud
A razão da chama: antologia de
Poetas negros brasileiros . Sel. e org.
de Oswaldo de Camargo. São Paulo: GDR. 1986 .
Gomes, Heloísa Toller As marcas
da escravidão. RJ: Ed. UERJ
1994.
Gomes, Heloísa Toller O negro e o
romantismo brasileiro. SP : Atual
editora. 1988.
Ianni, Octávio Escravidão
e racismo. São Paulo: Hucitec,
1978 .
Lajolo, Marisa. "Lobato, um Dom Quixote no caminho da leitura" in
Do mundo da leitura para a leitura do
mundo São Paulo: Editora
Ática.
Lajolo, Marisa e Zilberman, Regina Literatura infantil brasileira: história e
histórias SP. Editora
Ática .
Monteiro Lobato O Sacy (um
inquérito) São Paulo:
Seção de obras de O Estado
de São Paulo. 1918 .
Monteiro Lobato Negrinha São Paulo: Brasiliense. 1956 .
Monteiro Lobato A Barca de
Gleyre, São Paulo: Editora
Brasiliense. 1956 2 vol.
Monteiro Lobato Histórias de tia
Nastácia. Ed. Brasiliense:
São Paulo. 6a. ed. 1957 p.30.
Monteiro Lobato Reinações
de Narizinho. São Paulo:
Brasiliense. 1956 .
Monteiro Lobato Cartas escolhidas
São Paulo: Brasiliense .
Monteiro Lobato Viagem ao céu e O
sacy. S.Paulo: Editora Brasiliense.
1957.
Pinsky, Jayme A escravidão do
Brasil . São Paulo: Global.
1985.
Vasconcelos, Zinda Maria Carvalho de
O universo ideológico da obra
infantil de Monteiro Lobato. S.Paulo:
Traço Editora 1982.
Vieira, Adriana Silene Um inglês no
sítio do Picapau Amarelo
(mimeo) Unicamp . IEL. 1998 .
Marisa Lajolo
é Professora Titular do Departamento de Teoria
Literária da Unicamp, coordena o GT de História da
Literatura da Anpoll ( http://www.unicamp.br/iel/histlist) e o
projeto Memória de Leitura (
http://www.unicamp.br/iel/memoria) . Entre suas
publicações destacam-se A formação da
leitura no Brasil ( com Regina Zilberman, premio Açoreanos
97) Do mundo da leitura para a leitura do mundo ( prêmio
Jabuti 94) e O que é literatura.