2001 - Ano III


Lançamentos


 

 

A
Casa Jorge Editorial
convida:
o lançamento será no próximo dia 03/10/2001, a partir das 19h,
na Livraria do Museu,
no Museu da República, à Rua do Catete, 153.

 

A Era Vargas

de José Augusto Ribeiro

 

A Era Vargas, em três volumes, trata de acontecimentos que cobrem mais de setenta anos de História do Brasil - da fundação do Partido Republicano no Rio Grande do Sul, em 1882, à morte de Getúlio Vargas, em 1954. O trabalho monumental de Hélio Silva, 0 Ciclo de Vargas, publicado a partir dos anos de 1960, chegou a 15 volumes, embora cobrindo período menor, de 1922 a 1954.

Este primeiro volume começa pelos antecedentes da Era Vargas e por todo o debate da campanha presidencial de 1929-1930, com três capítulos sobre a questão social, que era negada por Washington Luís e foi um dos pontos principais da plataforma de Getúlio Vargas.

Ao reconstituir, em seguida, as primeiras decisões do primeiro governo Vargas (1930-1945), como a criação dos Ministérios do Trabalho e da Educação, José Augusto Ribeiro sustenta que Getúlio, com isso, retomava as propostas sociais de José Bonifácio na fundação do Brasil independente. Ao discutir, em seguida, a legislação trabalhista do presidente Vargas, o autor contesta a alegação de que essas leis seriam de inspiração fascista e copiadas da Carta del Lavoro, de Mussolini.

Os capítulos seguintes tratam da política econômica do primeiro governo Vargas, já em busca de soluções nacionalistas para a questão dos minérios, da siderurgia e do petróleo, e dos avanços democráticos da Revolução de 30 (como o voto da mulher, o voto secreto e a instituição da Justiça Eleitoral).

Neste volume consta, ainda, a controvérsia sobre o golpe de 1937, sobre a política econômica nacionalista do Estado Novo e sobre o verdadeiro papel do Brasil diante de Hitler e da Segunda Guerra Mundial, sempre contra Hitler (já em 1938 o presidente Vargas expulsou o embaixador da Alemanha, Karl von Ritter).

Os capítulos finais tratam do desmonte do Estado Novo pelo próprio presidente Vargas, do movimento queremista e da fundação do PTB, da proposta de Getúlio de deixar o governo antes mesmo da eleição de um novo presidente (proposta que seus adversários escamoteiam ainda hoje), da queda de Getúlio em outubro de 1945 e das eleições de dezembro daquele ano, quando umas poucas palavras dele elegeram o general Eurico Gaspar Dutra para a Presidência da República.

O segundo volume de A Era Vargas cobre o período que vai do lançamento da candidatura de Getúlio Vargas à Presidência da República, em abril de 1950, às vésperas da crise política de agosto de 1954, que determinaria o fim de seu segundo governo e de sua vida.

São quatro anos, ao longo dos quais acompanharemos inicialmente as resistências de Getúlio Vargas à própria candidatura e seus discursos na campanha eleitoral, nos quais ele antecipa, com absoluta franqueza, o que fará se for eleito -- solução nacionalista para o problema do petróleo, aumento do salário mínimo, extensão das leis trabalhistas ao homem do campo e até a reforma agrária.

Os capítulos seguintes reconstituem os acontecimentos do segundo governo Vargas, empossado a 31 de janeiro de 1951, e as pressões internas e externas que sofreu -- exigência norte-americana de tropas para a Guerra da Coréia, recusada por Getúlio, a suspensão de linhas de crédito internacionais, as reações ao controle da remessa de lucros por empresas estrangeiras, as resistências ao projeto da Petrobrás e a retenção.

Em 1953, o presidente muda seu ministério e as pressões aumentam, especialmente depois de o ministro da Fazenda Oswaldo Aranha estabelecer controle sobre o dólar e outras moedas estrangeiras, para favorecer as exportações, dificultar a importação de artigos supérfluos e aliviar o estrangulamento cambial sobre a economia brasileira. Naquele ano, o principal partido de oposição, a UDN, União Democrática Nacional, passa a ser dominado pelo mais irredutível dos adversários do presidente Vargas, Carlos Lacerda, e opta claramente pela linha de ação golpista contra o governo.

Em 1954, com a instalação da Petrobrás e a proposta de criação da Eletrobrás, a conspiração acelera-se. 0 ministro do Trabalho João Goulart é acusado num manifesto de coronéis envolvidos na conspiração e afasta-se do governo. A oposição tenta afastar o presidente pelo impeachment, rejeitado por grande maioria na Câmara dos Deputados. Getúlio, pouco antes, decretara um aumento de 100% no salário mínimo, impugnado no Supremo Tribunal Federal por sindicatos de empregadores. 0 governo tenta iniciar um programa de desenvolvimento de energia atômica para fins pacíficos e os equipamentos de pesquisa que compra na Alemanha são apreendidos pela polícia militar inglesa no porto de Hamburgo, a pedido do governo dos Estados Unidos, no momento de seu embarque para o Brasil.

Em julho, o Supremo Tribunal Federal confirmaria a constitucionalidade do aumento do salário mínimo. Foi a última vitória de Getúlio. Pouco depois, um atentado contra Carlos Lacerda, no qual morreu a tiros o major da Aeronáutica Rubens Florentino Vaz, precipitou a crise de agosto de 1954 e a morte do presidente - temas do terceiro volume deste livro.

O terceiro volume de A Era Vargas é inteiramente dedicado aos acontecimentos desencadeados pelo chamado atentado de Toneleros, na madrugada do dia 5 de agosto de 1954, até a morte de Getúlio Vargas, na manhã do dia 24.

O próprio suicídio do presidente é ainda hoje apresentado como uma alternativa de fuga ou como uma reação de culpa e vergonha, quando na verdade foi uma escolha meditada, madura e de extrema coragem de um homem que decidiu poupar seus concidadãos de uma guerra civil inevitável se permanecesse no governo, resistindo ao golpe para depô-lo.

A decisão de Getúlio Vargas, de sacrificar a própria vida naquelas circunstâncias, foi também um ato de extraordinária inteligência política, que impediu a destruição da Petrobrás; e de outras de suas maiores realizações, garantiu a realização de planos seus ainda em debate no Congresso, como a Eletrobrás, e evitou o cancelamento da eleição presidencial de 1955, que levaria à Presidência Juscelino Kubitschek.

José Augusto Ribeiro discute -- talvez apaixonadamente -- os fatos daqueles vinte dias trágicos, as versões dadas a eles e, sobretudo, o contraste entre o comportamento de um presidente acuado e pressionado e o de seus adversários e inimigos, cegos pela obsessão de destruí-lo.

Ainda que não tivesse ocorrido o atentado contra Carlos Lacerda, a conspiração para depor Getúlio Vargas estava em andamento -- e disso há depoimentos abundantes e públicos, como o do general Juarez Távora, um dos líderes militares da conspiração, nem sempre lembrados. 0 presidente percebeu que o atentado contra seu mais violento inimigo era também um atentado contra ele, e fez tanta questão de promover a apuração de todos os fatos que ordenou manter preso, ilegalmente, no Palácio do Catete, o chefe da guarda pessoal, Gregório Fortunato, suspeito desde os primeiros momentos. Contra a opinião de seus conselheiros mais confiáveis, Getúlio permitiu que patrulhas da Aeronáutica vasculhassem o próprio Palácio, em busca de documentos íncriminadores, e não pediu ao Congresso a decretação do estado de sítio, mesmo quando a sublevação militar era pública e ostensiva. Apesar de tudo isso, foi acusado, mesmo depois de morto, de ter dado abrigo no palácio presidencial ao chefe dos assassinos.

As investigações policiais sobre o atentado de Toneleros estavam praticamente concluídas e já tinham sido presos todos os criminosos menos um, quando a crise política recrudesceu artificialmente, com assembléias dos clubes militares, instigadas também por líderes civis da oposição, exigindo a renúncia do presidente. Ele admitiu inclusive licenciar-se até a apuração final das responsabilidades, mas percebeu imediatamente que o preço de sua permanência rio governo ou de seu retorno seria a guerra civil. E compreendeu que chegara a hora de pôr em prática a alternativa que evitaria o derramamento de outro sangue além do seu, garantiria a obra de seus dois governos e as eleições que os golpistas queriam cancelar, e resguardaria sua honra pessoal contra o desvario de adversários que queriam vê-lo, como chegou a dizer Lacerda, apodrecer numa prisão.

É como se fosse um romance. Mas Um romance sem ficção, de episódios que de fato aconteceram.




José Augusto Ribeiro é jornalista profissional desde 1956, quando tinha 18 anos. Daquele ano até 1963, trabalhou em 0 Estado do Paraná, de Curitiba. No Rio, em seguida, e em São Paulo, passou, como costumava acontecer na época, por muitas redações: Diário Carioca , 0 Cruzeiro, Folha de S. Paulo, Manchete, Jornal do Brasil, Última Hora, Fatos e Fotos, Correio da Manhã, 0 Globo, TV-Globo, TV-Bandeirantes.

Em rápidos intervalos, trabalhou no governo do presidente João Goulart com o ministro do Trabalho Amaury Silva, na Comissão Nacional de Sindicalização Rural (1963-1964); como assessor de imprensa, na campanha do presidente Tancredo Neves, quando candidato a Presidente da República (1984-1985); e, na mesma função de assessor de imprensa, na campanha eleitoral de Leonel Brizola à Presidência, em 1994.

Publicou De Tiradentes a Tancredo, uma história das Constituições do Brasil (1987); Nossos Direitos na Nova Constituição (1988); e Curitíba, a Revolução Ecológica (1993). Em 1979, realizou, com Neila Tavares, o curta-metragem Agosto 24, sobre a morte do presidente Vargas.


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